O mito das oito horas de trabalho
14 de abril de 2021 2021-09-17 10:10O mito das oito horas de trabalho
O mito das oito horas de trabalho
“Expediente normal” não é sinônimo de “horas produtivas”
Viver em pandemia me obrigou a realmente entender o tempo que as coisas levam, sejam as tarefas domésticas, sejam os projetos de tradução e escrita que toco – ou seja até mesmo o meu lazer e descanso, que precisam de um tempo próprio, que não seja os minutos que sobram entre um compromisso de trabalho e outro.
Oito horas de trabalho bem realizado: eu conto ou vocês contam…
…. que isso não existe?
Nessa embalo, uma ficha importante que caiu para mim é que não existe gerenciar tempo:
“Não dá para gerenciar o tempo, ele nunca muda. O que você pode gerenciar são as atividades que escolhe realizar no tempo. (…) e você nunca conseguirá fazer tudo o que precisa, quer ou deveria fazer.”
- Como suspeitava desde o princípio, eu não trabalho durante oito horas. Eu posso me ocupar até por mais horas, mas escrever ou traduzir com qualidade, não.
- Segundo os gráficos do RescueTime, via de regra, eu gasto em torno de cinco a seis horas no computador: 4,5 horas produzindo e sendo eficiente; 1 hora/1,5 hora lidando com burocracias (responder e-mails, interagir com apps de mensagens, lidar com as finanças da empresa) ou procrastinando.
- Comprovei, para a minha realidade, que expediente é uma coisa e tempo de produção é outra.
Táticas para honrar meu lema
- Rotina matinal → criei várias versões de como começo os meus dias: acordar, preparar café e meditar; acordar, entrar numa ducha gelada (para forçar a inicialização do sistema!) e tomar café; acordar, fazer o treino funcional na varanda, tomar café e sentar para escrever. São variações que combino e descombino seguindo a minha vontade, disposição e estado mental.
- Blocos de tempo → aprendi a reunir atividades de contexto semelhante em blocos de tempo (time blocking), otimizando a realização e a conclusão dessas tarefas sem gerar aquela ansiedade de ter uma lista imensa para dar conta no dia (e falhar miseravelmente). Os blocos de tempo funcionam para mim porque mantenho meu foco em uma tarefa-mestre por vez. Isso evita que eu alterne várias vezes o que eu estou fazendo, picotando a minha atenção e queimando minha energia muito mais rápido.
📢 Blocos de tempo e pulsação ("pulse"), a dobradinha que é sucesso
Destaco aqui a palavra repouso: a ciência comprova que a falta de momentos de descanso afeta a nossa capacidade de atenção e aprendizado. Em outras palavras, maratonar tarefas faz você chegar mais rápido à estafa.
- Cronômetro de tarefas de trabalho → comecei a usar o Toggl (versão gratuita) para contabilizar o tempo que gasto em tarefas de trabalho. Isso me ajudou a entender com mais clareza quantas palavras traduzo ou escrevo por hora, como também a traçar um padrão de produtividade que uso como base para orçamentos. O app também envia um relatório semanal das suas horas de trabalho, o que é ótimo para acompanhar o volume de tempo que você gastou fazendo x, y ou z. Gosto de dar uma olhada nos meus relatórios e relacioná-los com o meu estado geral daquela semana: eu estava de TPM? Tive alguma crise de ansiedade ou passei dias mais tranquilos dentro da minha cachola? E a qualidade do meu sono? Como me alimentei durante esses dias? A auto-observação vem bem a calhar nessa análise.
Técnica Pomodoro
A técnica Pomodoro é antiga, quase todo mundo conhece. Lanço mão dela com frequência, principalmente nos dias em que estou mais distraída.
O alarme apitando de 25 em 25 minutos também ajuda a lembrar de levantar e esticar as pernas — trabalhar com foco pode engessar a gente numa mesma posição por mais tempo que o recomendável para a nossa saúde ergonômica!
- Antes de fechar a firma, 5 minutinhos de planejamento → Passei a finalizar um dia de trabalho planejando rapidamente o expediente do dia seguinte, usando os blocos de tempo.
- Setorizar a casa → minha mesa de trabalho fica na sala, mas a batizei como território proibido para quando não estou trabalhando. Sigo essa regra à risca para ajudar o meu cérebro a desligar do “modo produção”. Em compensação, meu quarto não tem mais nenhuma tela que possa interromper a paz que só a desconexão traz. A varanda é o espaço de lazer (ler, pegar sol, escrever e participar de videochamadas com família e amigos).
“Fazer menos para fazer o suficiente”
E o suficiente, na atual conjuntura, já é muito. Ou também, como li neste post outro dia, precisamos “aceitar o nosso relógio”.
E isso é um baita desafio! É remar contra a maré de séculos de socialização na lógica da ocupação que respinga na gente desde pequenas: observamos adultos atarefados, absorvemos esse comportamento como o correto e o associamos com outras ideias (de sucesso, por exemplo) que nos convencem de que fazer muito, o tempo todo, é positivo – e que o contrário disso (o não fazer, o ócio) é nocivo, pecaminoso, coisa de gente que não presta (”va-ga-bun-dos!”).
O mito das oito horas de trabalho
O expediente "normal" de oito horas de trabalho não é sinônimo de produtividade, muito menos de qualidade. …
Currículos visuais: o que NÃO fazer
Dicas rápidas sobre o que não fazer com o seu currículo visual. …